Por Maria Inês Campos

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Como decidir.

“Ser ou não ser, eis a questão.”, disse através de Hamlet, Willian Shakespeare com muita propriedade.

Ter ou não ter, fazer ou não fazer, querer ou não querer, são muitas as questões que permeiam o nosso viver.

Eu diria que viver é um engendrado sistema de escolhas, com a finalidade única de semear a dúvida e a insegurança, tumultuando o nosso pobre coração. Ah, sim!!!!! Digo CORAÇÃO, porque quase sempre escolhemos com o consentimento do coração. Talvez seja por essa razão que escolher é uma tarefa difícil normalmente.

Razão e emoção são duas irmãs briguentas, uma discorda da outra e quando chegam a algum acordo é porque a probabilidade de estarem enganadas é muito grande.

Decisão é um processo de competição interna com o nosso cérebro, e cérebro que é cérebro é razão pura, portanto, ele não aceita abrir mão de alguma coisa tornando o processo de decisão em uma tortura sutil ou monumental, dependendo da escolha ou do momento.

Decidir é mesmo uma situação difícil já que o cérebro para algumas pessoas é o mandatário das ações pessoais, mas tem uma parcela da população pensante que tem o coração maior do que o próprio cérebro e nem por isso o ato de tomar uma decisão fica menos difícil. Complexa essa questão, não é?

O uso do recurso literário de personificação nesse texto, do cérebro e do coração, tem a intenção de facilitar a compreensão de como ocorre o processo de decisão no indivíduo.

O ser humano é um universo completo, composto de espírito, alma e corpo, em uma definição simplista. Razão, emoção e instinto se confundem dentro do ser humano, refletimos muito pouco sobre o assunto e no dia-a-dia agimos como se tudo isso fosse uma só coisa, ou tudo isso fosse Vontade. Vontade de ser, de ter, de sentir.

Para efeito de compreensão talvez devêssemos, hipoteticamente, esquartejar o nosso EU e assim, segmentado, identificar os nossos processos internos,justamente para agirmos com mais coerência e entrelaçar a nossa razão, emoção e instinto de uma maneira harmônica e suave,  desfazendo nossos nós interiores.

Acho que aqui cabe um alerta: esquartejar de maneira hipotética dispensa material cortante e possíveis malas ou sacos… rsrsrs… Só pra assegurar a integridade física de quem se propor a ler esse post.

Bom , diante desses argumentos, voltemos á questão de tomada de decisão.

Já esquartejamos o nosso EU e temos agora a razão, a emoção e o instinto em caixinhas separadas , mas todas guardadas dentro do cérebro, combinado?

O segundo passo é avaliar qual o grau de interdependência entre eles.

Como que, dentro de cada um de nós, isso funciona?

Qual o peso que cada um tem na nossa composição do EU?

Como cada um desses personagens interferem na tomada de decisão?

Vamos por partes como um bom esquartejador:

1- Instinto – não vou divagar em explanações técnicas ou filosóficas porque  não é a proposta do tema, o importante é saber que no processo de tomada de decisão o instinto atua em casos graves, em situações extremas ele sozinho resolve. Tem a personalidade forte, é inerente ao reino animal, em algumas situações provoca grande confusão. Quando cutucado reage impetuosamente passando por cima da razão. Ele, o instinto tem uma intima relação com a emoção, e é ela que cutuca o instinto. Instinto e emoção andam juntos, são cúmplices, e é muito comum serem confundidos em algumas situações.

2-Emoção – moça bonita, de fino trato, sedutora, sempre bem intencionada. Essa mocinha carrega com ela as cores do arco-íris, e ao andar pelo nosso EU vai derramando suas cores. Quando encontra com a razão pede conselho sobre que cor esparramar, se encontrar com o instinto pergunta a ele sobre qual a cor mais apropriada, esquecendo-se da escolha da razão. E assim caminha meio que sem controle. Por vezes exagera e derrama muita, mas muita tinta mesmo, fazendo com que a razão esbaforida saia em seu socorro com panos, baldes e vassouras.

3- Razão – senhora de muita sabedoria, cuidadora e protetora do EU. Está em constante conflito com o instinto e a emoção. Quando não é um é outro que extrapola gerando mal estar no EU. A razão costuma levar algum tempo para expor a sua opinião por qualquer coisa que seja. Sempre que é convocada pelo EU para tomar uma decisão ela pacientemente escuta as opiniões do instinto e da emoção, por ser morosa sofre traições por parte desses dois, tendo que aturar um ou outro passar na frente e  responder ao EU. Conflito instaurado, dona razão tem o maior trabalho para reorganizar e reequilibrar o Senhor EU.

Ah! Lembra que ao esquartejar o Eu guardamos as caixinhas no cérebro?

Ufa!!!! Quase esqueci de contar para você que toda essas relações acontecem no cérebro e essas três personificações fazem um barulhão dentro dele. O cérebro é muito sem paciência e sempre que ocorre conflito ele dispara algumas substâncias avisando o corpo para tomar alguma providência.

A dúvida é o tipo de conflito que mais faz barulho no cérebro.  A emoção e a razão são difíceis de fazerem amizade, cada uma tem uma personalidade forte e é raro que concordem sobre algum assunto e isso provoca  duvida. Vai de cá, vem de lá… começa a discussão. Foi assim que nasceu o “Ser ou não ser, eis a questão”.

Pensando sobre tudo isso, algumas pessoas desenvolveram uma técnica para diminuir o conflito da dúvida e não é que dá certo?

É o seguinte:

Em questões simples recorra à razão  e diga para a emoção se comportar.

Em questões complexas negocie. Isto mesmo! NEGOCIE!!!!! A dúvida nasce quando a razão prevalece e a emoção tem que abrir mão de algo, ou quando a emoção prevalece e a razão tem que abdicar de alguma coisa. Negocie; o mais adequado, para evitar dor e sofrimento, atenda ao que diz a razão e proponha algo bem legal para trocar com a emoção, minimizando a provável perda que ela terá. Só tem um segredo para que esta técnica tenha sucesso, antes de negociar, deixe as duas de castigo. Apague por algum tempo a situação que gerou a dúvida, se afaste da polêmica, dê um tempo… E só depois faça a sua proposta. É tiro e queda!

Parece brincadeira?

Até parece, pela maneira com que foi escrita, mas atrás da leveza do texto tem um fundamento neurológico.

Tente, você vai se surpreender com os resultados. Deixe o seu comentário ou faça a sua consulta por email, vou ter muito prazer em lhe atender ( é sem custos… rsrsrs)

email: mariainesdecampos@hotmail.com

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